Nossas experiências diárias são riquezas que nos permitem desfrutarmos, ao longo do tempo, de uma visão mais lúcida e clara da vida.
As marcas deixadas em nosso rosto, o desbotar dos cabelos, a diminuição do vigor físico podem não se enquadrar aos padrões estéticos impostos e aceitos.
Porém, são marcas do quanto vivemos, atestando a possibilidade de entendimentos distintos de momentos vividos.
Há beleza na experiência adquirida de nos calarmos diante de uma discussão, entendendo que logo mais tudo passará, os ânimos se acalmarão, possibilitando-nos, então, conversarmos de maneira tranquila.
Há beleza em nosso olhar sereno, por entendermos que daqui a pouco as coisas serão diferentes, e tudo se ajustará.
Também há beleza no corpo que vai se moldando ao peso dos anos, instrumento abençoado de que nos servimos para o adquirir de tantas experiências.
Quantos quilômetros terão percorrido os pés de um ancião? Quantas vezes seu coração já pulsou? Quantas imagens de alegria ou de dor seus olhos fitaram?
Isso é envelhecer. É o resultado do acúmulo de aquisições realizadas em mais uma etapa da vida. E esse acumular dos anos fala de maturidade. Também de prenúncio do retorno para o verdadeiro lar.
Entendamos então que a beleza da criança que engatinha, do vigor da juventude ou do rosto marcado na velhice é a mesma.
Cada momento da existência é assinalado pela beleza do existir, do peregrinar no planeta, ensejando-nos aprendizado e progresso.